... ou "Das Sopeiras Namoradeiras".
Antes de mais, para que conste, ainda que os Gazeteiros se vão, a Verdade fica. Ainda que os seus Cantores tirem férias, a Verdade cá está, 365.25 (em média) dias por ano. À Verdade ninguém paga subsídio de férias, e bem que não, pois a verdade não tira férias.
E a verdade de hoje é mais leviana, menos zangada, menos acre que as verdades que cá costumam. Procedamos...
Quando eu não era senão um petiz, cantavam-me estes versos, por brincadeira, por prazer...
       A Criada lá de cima
       É feita de papelão.
       Quando vai fazer as camas
       Diz sempre assim ao patrão.
Não vale a pena matutarmos numa criada feita de papelão. É o mundo da petizada; pode ser. E antes que inferamos sobre o "patrão" a letra escarlate do Adultério por uma criada lhe falar com uma cama desfeita na equação, não é a isso que me refiro hoje. Atentemos no refrão:
       "Sete e sete são catorze
       Com mais sete, vinte e um.
       Tenho sete namorados
       E não gosto de nenhum."
Então esta feliz criada, que sabe somar, entretém romanticamente sete parceiros? Pior: assume-o orgulhosamente perante um patrão que, provavelmente, coaduna com esste acto de poligamia? Agravantemente, declara não gostar de nenhum deles. Tratar-se-à de uma mulher que, ao chamar a cada um dos sete seus "namorados" (por oposição a, por exemplo, "amigos coloridos"...), os engana, não só por trair cada um deles com outros seis, mas igualmente por os iludir, levando-os a crer que existe, entre ela e cada um deles, um laço amoroso?
Mas passemos adiante. A canção segue:
       A Criada lá de baixo
       É feita de palhadaço.
       Quando vai fazer as camas
       Diz sempre assim ao palhaço.
Uma criada de palhadaço é perfeitamente banal. Que ela tenha, constantemente, um palhaço a quem se dirigir antes de fazer as camas é talvez mais preocupante. Mas procedamos.
       "Sete e sete são catorze
       Com mais sete, vinte e um.
       Tenho sete namorados
       E não gosto de nenhum."
Também esta!? Então é isto prática corrente entre as criadas? É nisto que os nossos "adultos" nos queriam fazer crer quando éramos crianças?
Ó meus Pais, ó meus Avós, que me falais em "geração rasca", que sementes deitastes à terra? Pois que vos queixais da depravação dos jovens? Da sua libertinagem? Que tomam libertinamente termos como "amor", que trocam a satisfação de uma relação pelo prazer vago do sexo casual? Que nos ensinastes?
Mas enfim, daqui me vou, com o costumeiro
Pax vobiscum atque vale.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment